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JUSTIÇA NEGA ALUNA APROVADA POR COTA RACIAL

| sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Justiça Federal de Santa Maria negou pedido de antecipação de tutela em caráter liminar (provisório) para que a estudante Tatiana Oliveira retornasse ao curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Em abril passado, a estudante – admitida por meio do sistema de cotas raciais – teve a matrícula cancelada. Após o ingresso na universidade, uma comissão da UFSM, que entrevistou a aluna para revisar a matrícula, considerou que ela não teria direito ao benefício. A decisão judicial foi disponibilizada na quarta-feira (13) no site da Justiça Federal da 4ª Região. A juíza Gianni Cassol Konzen, da 3ª Vara Federal de Santa Maria, deve julgar o mérito da ação nos próximos dias. Em seu despacho, a juíza observou que tanto no edital do vestibular, como no manual do candidato, não há qualquer previsão acerca da realização de entrevistas para aferir se o candidato é, de fato, afrobrasileiro.

“Não podia a UFSM – como o fez – mudar as regras do jogo, especialmente quando se tem em conta que se limitou a prever que afrobrasileiros seriam aqueles que assim se autodeclarassem.” No entanto, a juíza negou o pedido da estudante ao constatar que Tatiana Oliveira não atendeu devidamente ao que pedia o edital do vestibular. Conforme informa o despacho, uma vez aprovado, o estudante deve apresentar uma “autodeclaração de que é afrobrasileiro”. De acordo com a juíza, diferente do proposto, a estudante afirmou ser “de descendência afrobrasileira”.

“Em que pese tratar-se de requisito meramente formal, a declaração, nos moldes padronizados pela ré (UFSM), deveria ter sido apresentada pela autora (Tatiana Oliveira), por ocasião de sua confirmação de vaga e matrícula. Não o tendo feito, descumpriu uma das normas que regiam o Vestibular 2009, sendo facultado à UFSM rever o ato de matrícula, cancelando-a, após detectar seu erro”, afirma a juíza federal em sua decisão.

‘Intimidada’

Caso o pedido de regresso à faculdade seja novamente negado, Tatiana Oliveira diz que pretende recorrer. “Estou muito triste, muito chateada. Estou contando os dias e as horas para voltar para lá. Há duas semanas estou doente, com dores de cabeça. Fico nervosa, doida pra voltar... Faz um mês que estou fora da sala de aula. Quero me formar e ser alguém na vida um dia”, disse a estudante após saber da negativa da Justiça.

Tatiana, cuja mãe é branca e o pai, pardo, se autodeclara parda. Na entrevista a que os estudantes são submetidos, com a presença de representantes de movimentos negros, são feitas três perguntas: se ele se considera afrobrasileiro; se já foi discriminado por pertencer a esse grupo e em que outras vezes o estudante se reconheceu como preto ou pardo.

De acordo com Tatiana, o parecer da comissão diz que “a candidata se autodeclarou parda sem, entretanto, saber explicar o porquê de tal declaração, reconhecendo-se mais clara que alguns de seus colegas e familiares”. Segundo o pró-reitor de graduação da UFSM, Jorge Luiz da Cunha, na entrevista, Tatiana afirmou que a primeira vez que reconheceu como parda foi no vestibular. A estudante também relatou nunca ter sofrido preconceito relacionado à sua cor.

“Ora, utilizar a impossibilidade de a candidata explicar sua origem parda, como um dos fundamentos para excluí-la do sistema, é infundado (...) É evidente que pode a demandante (Tatiana) ter-se sentido intimidada perante a comissão, daí não lhe ter ocorrido resposta adequada ao questionamento que lhe foi formulado’, afirma a juíza em seu despacho.

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